Duas senhoras com o sotaque bem diferente, do que eu estou acostumado, sentaram-se à mesa. Pareciam vindas de algum lugar no interior de Minas Gerais. Engraçadas. Comentavam sobre o susto que tomaram ao chegar à cidade. Estavam achando tudo grandioso demais.
Já acomodadas e um pouco mais acostumadas aos zunidos dos carros. O falatório das pessoas. O ir e vir dos transeuntes. E, principalmente, a pressa de quem passava. Olharam com bastante calma o cardápio. Dedicaram seu tempo àquela atividade. Decidiram. Antes que pudessem erguer os braços, o garçom já estava ali. Pronto para registrar seu pedido.
- Por favor, gostaria de dois cafés, uma torta de limão e uma de chocolate.
O garçom anotou com esmero e em cinco minutos os doces e o café já haviam sido servidos. As duas estranharam a rapidez e chamaram o garçom.
- Essa torta não foi feita agora, não?
- Não, senhora. Ela fica pronta para ser consumida e acondicionada. – Estranhou o rapaz.
- Ah tá... Que estranho...
Resolveram experimentar. Gostaram. Seguiram, então, para provar o meu sabor. Café é café em todo lugar, comentaram. Mas não é bem assim, após o primeiro gole, o susto.
- Nossa senhora, que café forte! Está intragável!
Chamaram novamente o jovem que estava atendendo a mesa.
- Infelizmente este café está quase só pó... Forte demais! Eu gostaria dele mais fraco e doce.
- Fraco e doce? Senhora, trabalhamos apenas com café expresso aqui.
- Sim... Mas será que não poderiam trazê-lo mais fraco e doce? Não dá pra tomar café desse jeito.
Com olhos assombrados, o garçom seguiu até a cozinha e conversou com o barista. Explicou a situação. O homem ficou empertigado. Sentiu arrepios só de pensar em fazer um café fraco... E doce. Eu, pessoalmente, não entendo. Se me desejam fraco, talvez a escolha correta seja chá. E doce... Ai... Fico enjoado quando colocam muito açúcar em mim.
O barista caminhou até a mesa para entender o que acontecia. As duas explicaram que o jeito correto de se passar um bom café era misturando pó com açúcar e acrescentando bastante água. O homem não acreditou. Passar café com açúcar?
Eu fui ficando nervoso. Ser coado com açúcar já é um insulto. Sinceramente. Já estava gelado e sem a menor vontade de servi-las. Aiaiai... Por sorte meu fiel escudeiro, o barista, recusou-se a preparar o café como elas queriam, ao modo de Bocaina de Minas. Ufa!
Descontentes, as duas senhoras cancelaram o café. Esnobaram-me. Foi uma pena não ter caído no colo de ambas. Imagine você: fui trocado por um suco. Mas a vida é assim mesmo, café não é igual em todos os lugares. E a maior prova disso sou eu.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Fevereiro/2009
Já acomodadas e um pouco mais acostumadas aos zunidos dos carros. O falatório das pessoas. O ir e vir dos transeuntes. E, principalmente, a pressa de quem passava. Olharam com bastante calma o cardápio. Dedicaram seu tempo àquela atividade. Decidiram. Antes que pudessem erguer os braços, o garçom já estava ali. Pronto para registrar seu pedido.
- Por favor, gostaria de dois cafés, uma torta de limão e uma de chocolate.
O garçom anotou com esmero e em cinco minutos os doces e o café já haviam sido servidos. As duas estranharam a rapidez e chamaram o garçom.
- Essa torta não foi feita agora, não?
- Não, senhora. Ela fica pronta para ser consumida e acondicionada. – Estranhou o rapaz.
- Ah tá... Que estranho...
Resolveram experimentar. Gostaram. Seguiram, então, para provar o meu sabor. Café é café em todo lugar, comentaram. Mas não é bem assim, após o primeiro gole, o susto.
- Nossa senhora, que café forte! Está intragável!
Chamaram novamente o jovem que estava atendendo a mesa.
- Infelizmente este café está quase só pó... Forte demais! Eu gostaria dele mais fraco e doce.
- Fraco e doce? Senhora, trabalhamos apenas com café expresso aqui.
- Sim... Mas será que não poderiam trazê-lo mais fraco e doce? Não dá pra tomar café desse jeito.
Com olhos assombrados, o garçom seguiu até a cozinha e conversou com o barista. Explicou a situação. O homem ficou empertigado. Sentiu arrepios só de pensar em fazer um café fraco... E doce. Eu, pessoalmente, não entendo. Se me desejam fraco, talvez a escolha correta seja chá. E doce... Ai... Fico enjoado quando colocam muito açúcar em mim.
O barista caminhou até a mesa para entender o que acontecia. As duas explicaram que o jeito correto de se passar um bom café era misturando pó com açúcar e acrescentando bastante água. O homem não acreditou. Passar café com açúcar?
Eu fui ficando nervoso. Ser coado com açúcar já é um insulto. Sinceramente. Já estava gelado e sem a menor vontade de servi-las. Aiaiai... Por sorte meu fiel escudeiro, o barista, recusou-se a preparar o café como elas queriam, ao modo de Bocaina de Minas. Ufa!
Descontentes, as duas senhoras cancelaram o café. Esnobaram-me. Foi uma pena não ter caído no colo de ambas. Imagine você: fui trocado por um suco. Mas a vida é assim mesmo, café não é igual em todos os lugares. E a maior prova disso sou eu.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Fevereiro/2009