domingo, 5 de junho de 2011

Crônica 55: A Metáfora!



Ouvi uma conversa bastante interessante dia desses. Dois amigos. Um homem e uma mulher. Amigos de longa data. Animados. Felizes. Contentes por estarem ali. Serem quem são. Viverem a vida que levam. Terem as experiências que têm. Experiências sofridas, talvez? Imagino que sim. Experiências felizes também? Devem ser a maioria. Mas independente de suas histórias, felizes por terem um ao outro. Por se saberem amigos. Por terem o presente para viver, o passado para contemplar (talvez falar mal um pouquinho) e o futuro para planejar.
Entre tantos casos comentados, amores e desamores, loucuras e trabalho. Cantaram. Tiraram fotos. Fizeram caretas. Riram muito de suas próprias vidas e reações diante dela. E eu ali, acompanhando tudo. Sendo muito elogiado. E abandonado de vez em quando pelo meu – não mais tão companheiro – cigarro.
E eu esperava junto à bolsa, mochila, celulares e o vazio. Mas voltavam. Sempre voltavam. Eu perdia parte das conversas (fico irritado quando isso acontece), mas ouvia o fim e os via pelo vidro. Distantes.
Numa dessas voltas ouvi o seguinte e interessante comentário:
- Amiga, isso dá uma crônica, hein?
Ai que raiva, o “causo” deve ter sido bom e eu ali sem saber do que se falava. Mas isso era o que menos importava.
- Você acha? – Perguntou ela curiosa. Olhinhos brilhantes. Ainda mais linda.
Os olhos verdes do interlocutor faiscaram. Era como se tivesse feito uma descoberta importantíssima para a humanidade. E fez. Afinal, a humanidade, naquele momento, eram os dois.
- Eu começaria assim:
“Depois de anos bebendo café puro, expresso, com açúcar, resolvi experimentar um novo modo de adoçar meu amigo. Experimentei café com chantilly. Que deleite. Adorei. No início fiquei triste por abandonar minha fórmula já tão conhecida de ‘felicidade’, mas não demorou muito para que percebesse que aquele velho tradicional jeito de saborear ‘a vida’ estava me tirando muito do que ela poderia me oferecer. A partir daí, comecei a viver, a descobrir novos sabores. Café com canela, com adoçante, com chocolate e até com rum. Fiquei feliz por desamparar antigos hábitos e dar oportunidades para novos. Que venham cafés gelados, com sorvete. Que venham novos invólucros. Xícaras grandes, médias e pequenas, copos, taças. Que venha a vida e me encha oportunidades e alegrias”.
- Que tal?
Nossa querida de olhos brilhantes segurou as mãos do seu parceiro. Emocionada.
- Não é a toa que te escolhi como irmãozinho querido.
E beijou as mãos do amigo, com uma ternura pouco comum nos dias de hoje. Ele, por sua vez, repetiu o ato e seus olhos brilharam juntos. Como deveria ser. Passado o momento rápido de emoção voltaram a sorrir, conversar, brincar e fofocar.
Metáforas. A vida é feita delas. E, eu, café, fiquei orgulhoso por fazer parte de uma linda emocionante metáfora como esta. Palavras têm o poder de envolver. De “acarinhar”. Podem ser macias. Basta saber tocá-las.
Como diria um poeta “amigo meu”: “É fácil trocar as palavras, difícil é interpretar os silêncios!” (Fernando Pessoa).

Mariana Primi Haas - MTB 47229                                                                                                                                        Junho/2011

5 comentários:

Rafael Calil disse...

Cafezinho, e o que seriam todas essas metáforas, heim?

vera e alda disse...

Eu e Alda lemos e adoramos. Mais uma vez você brilhou. Parabéns,
beijos

Mônica disse...

Oi Ma,

Adorei a história e em especial a frase do poeta, essa está comigo.

bjs

Café disse...

É Rafael... A Vida é cheia delas...

André disse...

hmmmmm q café enigmático....bjs