sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crônica 57: A Saga

Depois de um tempo sem aparecer, mas com muitas experiências vividas, volto a dar notícias. Esse cafezinho andou meio desaparecido, mas para aqueles que escreveram protestando e sentindo minha falta, peço imensas desculpas e faço questão de deixar bem claro que a verdadeira culpada por toda essa saudade que senti foi a minha interlocutora. A tal jornalista. Fazer o que, né, eu dependo dela...
Bom, escrever a história de hoje foi bem difícil, até porque dois meses sem compartilhar ideias é muito tempo. Pensei em tanta coisa. Queria falar sobre cachorros, sobre casais, sobre famílias, sobre amigos, sobre... Sobre...
Mas como tenho vivido uma experiência - digamos - extremamente nova, optei por ela. Nesse caso, serei obrigado a voltar a um tema já abordado antes... O Metrô. Pois é, mas agora olhando de dentro para fora. É isso mesmo. Eu tenho andado de metrô. Interessante a perspectiva, não?
Antes que vocês, meus queridos amigos e leitores contumazes, se assustem e pensem que, finalmente, eu o seu companheiro preferido, criei pernas e sai por ai “desembestado” – como diz uma amiga minha – respire. Essa vivência foi adquirida através de um amigo, recentemente conquistado, que resolveu me levar “para viagem”. Sempre.
Vocês sabem que eu odeio ser levado “para viagem”. Além dos motivos já explicitados anteriormente, como o copo de isopor, a colherinha de plástico, o sacolejar do instável caminhar, existem outras razões para eu não suportar esse opção tão prática para alguns... Hehehe... Eu simplesmente fico chato. Extremamente chato. Frio. Mau humorado.
Exatamente por isso, quando este camarada chegou e falou: “um cafezinho para viagem!”, já me contorci todo. Evitei sair de toda a forma... “oh ‘Quim’ a máquina tá quebrada!”... “Tá nada é esse café fazendo charme”. Era isso mesmo. Mas não teve jeito. Precisei ir. Até, que dessa vez, as mãos estavam vazias e inteiramente dedicadas a mim.
Era um jovem elegante. Moderno. Usava um terno cinza e tinha uma bolsa transpassada. Quando dei por mim, estava passando uma catraca e descendo uma escada rolante. Fiquei assustado. Entramos no trem. Eu não fazia ideia de como ele era por dentro. Muito lindo. Adorei. Espaçoso. Confortável. Fui feliz.
De repente, tocou o chato do celular... Meu amigo se apressou em atendê-lo. Quase caí. Ai que raiva. “Oi Fá. Então, estou a caminho do trabalho. Ainda nem cheguei à linha amarela, e lá você sabe, né, aquela loucura”. Pára o mundo que eu quero descer. Como assim que loucura? Bom, deve ser apenas uma expressão infeliz... Imaginei...
Ficamos em pé novamente. As portas se abriram. Começou a tal loucura. Não era “modo de falr”... Sair do trem? Missão quase impossível. Uma senhora cismou que queria passar pelo mesmo espaço que nós. “Não dá minha senhora. Ou eu saio ou a senhora entra”, falou meu amigo. Fiquei orgulhoso. Fomos xingados até minha primeira geração. Demos dois passos e paramos. Estávamos diante de duas escadas rolantes sem degraus. Estranhíssimo.  E o pior. Estavam paradas. Ninguém ia nem      para frente, nem para trás.
Acho que dá para me imaginar ai, né? 
Bufamos.
Passados uns 15 minutos... Pudemos continuar. Lentamente, porque não era possível andar pela quantidade de pessoas no corredor. Sem mais, parou tudo novamente. Acontece que nós estávamos do lado direito do corredor e a entrada para o trem é do lado esquerdo. Não. Nós não estávamos errados. O fluxo era esse mesmo. Ou seja, fui derrubado. Levantado. A sensação era de que estávamos atravessando uma parede de pessoas. Ninguém nos deixava passar.
Por fim, chegamos a outro trem. Lindo este. Novamente. Arejado e grande. Com possibilidade de que todos se sentassem. Ufa! Pensei. Agora sim. O quê? Desembarcamos. De novo. Dessa vez foi ainda pior. Eu olhei para cima e vi montes de escadas rolantes – cinco no total – e um número incontável de pessoas. Todas apinhadas. Começamos a subir. Apertados. Sem conseguir sair do lugar, afinal, ninguém respeita a tal regra que diz: “se você vai ficar parado, permaneça à esquerda”. Olha, nessa altura já havia perdido a noção do tempo.
Depois de tudo isso... Entramos em outro vagão. Dessa vez ao ar livre. E qual minha surpresa quando eu percebi que também estava lotado. L-o-t-a-d-o. Fiquei prensado entre a camisa branca do meu amigo e a porta. Segurando para não cair. Já pensou manchar a roupa dele? Fomos assim. Amassados. E quando imaginei que havíamos chegado ainda andamos mais uns vinte minutos. Finalmente entramos em seu escritório... Nesse momento, parei na mesa de trabalho dele e pensei: Nossa... Jura que a gente vai voltar? Que medo...

Mariana Primi Haas - MTB 47229                                                                                                                                        Setembro/2011

7 comentários:

Urbano Lemos disse...

Excelente crônica amiga...grandes histórias de um café.

vera disse...

Genial! Excelente!

Fe.Rubano disse...

Parabéns.Que saudades.
O nosso companheiro de todas as manhãs e tardes não pode ser táo judiado.Ela merec conforto numa mesa com espaço suficiente para ser notado elogiado e curtido afinal de conta as vezes ele é reponsavel por grandes momentos de nossa vidas.
Beijos.

Fe.Rubano disse...

Desculpe comi algumas palavras, fiquei nervoso com tanta violência com o nosso amigo;Retificando.tão,Ele,merece,contas,responsavel,vida. Ok.Beijão

Cafezinho disse...

Olá meus queridos... Muito obrigada pelos comentários até o momento... Mas um em especial me emocionou, o o do Sr. Fê Rubano. Muito obrigada por entender tão bem minhas necessidades... Ai se todos pensassem assim... hehehehe

Beijos

Regina disse...

Eita cafezinho agitado. Vai da boulangerie, do bar gourmet ao vagão do metrô! Viva a diversidade.

Tally M. disse...

hahaahah... não tá fácil pra ninguém mesmo! me diverti muito com essa aventura do café, rs.

beijos