O Natal está chegando. E eu cada vez mais interessado na alma humana. De certo, vocês devem se perguntar: mas como ele vai e vem tantas vezes? Como sabe as histórias até o final? Como consegue escrever? Pensar? Pois é, essas e outras questões jamais serão respondidas. Fato é: Sou especial! Aceitem-me assim e garanto muita emoção, diversão e, é claro, muita polêmica.
Ando pensando muito sobre o Natal. O que significa. E cheguei à conclusão de que é um momento de união, paz, amor. Um pouco clichê? Talvez.
Mas essa é a data mais clichê do calendário. Então, por que não aproveitamos a ocasião? Sim, sem pensarmos em dinheiro, presentes enormes, em impressionar os outros. Digo isso, pois outro dia duas senhoras sentaram-se para conversar e... Tomar um cafezinho. Vinham cheias de sacolas. Diziam-se cansadas.
- Ai, tô “podre”. Também todo ano a festa é na minha casa... Não agüento mais!
- Nem me fale, menina!
- Olha! Estou produzindo uma ceia... Você não imagina... Maria Célia vai morrer de inveja! É, porque ela sempre desdenha, mas acaba em casa, né?
Paro por aqui – um pouquinho – produzir uma ceia para que “Maria Célia” sinta inveja? Tudo errado. A ceia deve ser idealizada e montada para que todos se deliciem com os pratos. Para que se sintam bem e acolhidos em casa. Não para causar sentimentos desprezíveis em outras pessoas. E olha o perigo, disso!
E a conversa continuou nesse tom. O vestido dela seria uma surpresa desagradável pra fulana que ficaria de queixo caído. Os presentes que havia comprado seriam melhores que os dos beltranos. As suas árvore e guirlanda, essas fariam todos se roer por dentro. Credo!
Fiquei imaginando essa festa. Se eu estivesse lá, iria querer ir pra casa o mais rápido possível. Deve ser um ambiente pesado. Cheio de fofoca. Ciúme e aparência. Em pleno Natal? Será que ao menos no Natal vocês, humanos, não poderiam parar com essa competição frenética? Relaxar e curtir as companhias. O simples bate-papo. E, à meia noite, dar um “abraço daqueles” em quem amam? Eu acho uma boa idéia!
É óbvio que presentes fazem parte. Principalmente para as crianças – para essas, aliás, é só o que interessa – e é assim que deve ser. Mas presenteie por prazer. Pra demonstrar seu sentimento. Não para parecer mais rica do que é, mais generosa que os outros. Demonstre amor em suas homenagens. Talvez seja isso que falte no cotidiano humano. Demonstrações espontâneas de carinho, de afeto.
Lembre-se, essa é apenas a sugestão de um simples e observador café. Que está aos poucos captando as necessidades dessa gente estranha: O Ser Humano.
Desejo a todos um lindo Natal, com abraços, beijos, carinhos, afetos, risadas, momentos. Que o grande presente desse Natal seja a união entre seus familiares (mesmo que apenas naquela noite).
Como estou saindo de férias e volto apenas em janeiro, aproveito para lembrá-los que no Ano Novo é importante renovar as esperanças, fazer muitos pedidos e estar junto de quem se ama.
Beijos a todos!!!!
Do seu amigo,
O Café.
Obs: Mas eu volto, hein? E com muitas novidades, aguardem!
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Crônica 31: O AMIGO SECRETO
Fim de ano. Natal se aproximando. Época do que? Todo mundo deve ter adivinhado: amigo secreto. Pois é, nesse período de festas minha casa fica sempre cheia. Turmas das mais variadas. Colegas de trabalho. Amigos. Famílias. É uma farta distribuição de presentes, lembrancinhas, beijinhos, abraços e sorrisos.
Algumas turmas combinam os presentes. Então todos dão vales CD. Assim, não sai briga. Outros combinam o valor, até R$20,00, por exemplo. E ainda há aqueles que preferem deixar a livre escolha do presente.
Era uma mesa enorme com umas trinta pessoas. Fizeram a maior farra. Todos trabalhavam na mesma empresa. Chegaram felizes, falando alto. Foram se acomodando aos poucos. Uns guardavam lugares para seus amigos. Outros preferiam se sentar onde desse. Cada qual com seu presente em mãos.
- Quem vai começar? – Gritou de uma das pontas um senhor.
Mas ninguém respondeu. Todos ficaram sem graça, com uma inexplicável vergonha.
- Bom já que ninguém se habilita começo eu mesmo!
Ele era um entusiasta. Posso imaginá-lo picando os papeizinhos e escrevendo os nomes. Indo de mesa em mesa com um saquinho pedindo a todos que sorteassem.
- Bom, meu amigo/a secreto/a é uma pessoa muito amável, querida de todos. É doce, meigo, educado. Eu fiquei realmente muito feliz em tirá-lo e tenho certeza que a maioria gostaria de ter essa sorte!
- É a Fabi!!! – Gritaram todos em uníssono.
E assim foi. Um por vez. Alguns falavam mais. Outros menos. Tudo correndo às mil maravilhas. Ao menos aparentemente. Digo isso, porque fui servido diversas vezes a pessoas diferentes e pude constatar implicâncias pessoais e descontentamento.
Nosso eloqüente amigo, por exemplo, após o término da entrega das lembranças, virou-se para seu colega ao lado e disse:
- Odiei ter tirado a Fabi... Oh mulherzinha chata... Fazer o que, né? Chefe é chefe... – O tom era baixo. Praticamente inaudível.
Eu quase caio pra traz. Depois de tantos elogios rasgados. Será que é assim mesmo que as coisas funcionam? Nesse momento, Fabi aproximou-se da mesa.
- Edmir, não sabia que era tão querida assim entre os colegas. Eu sei que às vezes posso ser difícil... “Todos gostariam de te tirar”, valeu mais que o presente!
- Imagina é a mais pura verdade! Você é uma profissional exemplar, fiquei mesmo muito feliz quando vi seu nome. Se não pensasse assim, não diria isso.
- Que bom, aliás, as xícaras são lindas!
Sentou-se ali e ficou num papo animado. Mal sabe ela que Edmir não gostava de sua companhia. Em outros pontos da mesa a mesma cena se repetia. As pessoas não gostavam de seus presentes e diziam que gostavam. Não gostavam de quem os tirou, mas diziam o contrário... Enfim, falar, falar, falar... Quanta hipocrisia.
Pus-me a pensar. Um cafezinho, como eu, está muito acostumado à honestidade. Quando não gostam de mim, dizem logo. Quando gostam elogiam muito. Talvez, eu, por estar muito ligado a chantillys, cremes e canelas seja ingênuo ao pensar que momentos como o “Amigo Secreto” devem simbolizar paz e união entre os colegas.
No entanto, saíram todos ou, quase todos, insatisfeitos. E dando graças por poder sair de férias e não ver mais aquelas pessoas. O espírito natalino não estava posto. Parece que esse presente terá que ficar para o próximo ano...!
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
Algumas turmas combinam os presentes. Então todos dão vales CD. Assim, não sai briga. Outros combinam o valor, até R$20,00, por exemplo. E ainda há aqueles que preferem deixar a livre escolha do presente.
Era uma mesa enorme com umas trinta pessoas. Fizeram a maior farra. Todos trabalhavam na mesma empresa. Chegaram felizes, falando alto. Foram se acomodando aos poucos. Uns guardavam lugares para seus amigos. Outros preferiam se sentar onde desse. Cada qual com seu presente em mãos.
- Quem vai começar? – Gritou de uma das pontas um senhor.
Mas ninguém respondeu. Todos ficaram sem graça, com uma inexplicável vergonha.
- Bom já que ninguém se habilita começo eu mesmo!
Ele era um entusiasta. Posso imaginá-lo picando os papeizinhos e escrevendo os nomes. Indo de mesa em mesa com um saquinho pedindo a todos que sorteassem.
- Bom, meu amigo/a secreto/a é uma pessoa muito amável, querida de todos. É doce, meigo, educado. Eu fiquei realmente muito feliz em tirá-lo e tenho certeza que a maioria gostaria de ter essa sorte!
- É a Fabi!!! – Gritaram todos em uníssono.
E assim foi. Um por vez. Alguns falavam mais. Outros menos. Tudo correndo às mil maravilhas. Ao menos aparentemente. Digo isso, porque fui servido diversas vezes a pessoas diferentes e pude constatar implicâncias pessoais e descontentamento.
Nosso eloqüente amigo, por exemplo, após o término da entrega das lembranças, virou-se para seu colega ao lado e disse:
- Odiei ter tirado a Fabi... Oh mulherzinha chata... Fazer o que, né? Chefe é chefe... – O tom era baixo. Praticamente inaudível.
Eu quase caio pra traz. Depois de tantos elogios rasgados. Será que é assim mesmo que as coisas funcionam? Nesse momento, Fabi aproximou-se da mesa.
- Edmir, não sabia que era tão querida assim entre os colegas. Eu sei que às vezes posso ser difícil... “Todos gostariam de te tirar”, valeu mais que o presente!
- Imagina é a mais pura verdade! Você é uma profissional exemplar, fiquei mesmo muito feliz quando vi seu nome. Se não pensasse assim, não diria isso.
- Que bom, aliás, as xícaras são lindas!
Sentou-se ali e ficou num papo animado. Mal sabe ela que Edmir não gostava de sua companhia. Em outros pontos da mesa a mesma cena se repetia. As pessoas não gostavam de seus presentes e diziam que gostavam. Não gostavam de quem os tirou, mas diziam o contrário... Enfim, falar, falar, falar... Quanta hipocrisia.
Pus-me a pensar. Um cafezinho, como eu, está muito acostumado à honestidade. Quando não gostam de mim, dizem logo. Quando gostam elogiam muito. Talvez, eu, por estar muito ligado a chantillys, cremes e canelas seja ingênuo ao pensar que momentos como o “Amigo Secreto” devem simbolizar paz e união entre os colegas.
No entanto, saíram todos ou, quase todos, insatisfeitos. E dando graças por poder sair de férias e não ver mais aquelas pessoas. O espírito natalino não estava posto. Parece que esse presente terá que ficar para o próximo ano...!
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Crônica 30: O MISTÉRIO
Quando alguém senta à minha mesa imagino mil coisas: de onde essa pessoa é, como vive, como se relaciona com a família, como andará seu coração, se tem filhos ou não, se é solitária... Enfim, procuro logo traçar um perfil. Mas nem sempre é possível. Talvez existam pessoas indecifráveis. Ou alguns se tornem indecifráveis em determinados momentos de suas vidas.
Gostaria de entender a complexa alma humana, afinal, não possuo essas sutilezas. Não tenho uma alma delicada, gentil. O que possuo é conhecimento. Experiência. Mas alma, não. Isso eu não tenho. Outro dia sentei junto a um cliente antigo. Desses que a todo o momento me procuram. Já o vi triste, feliz, amargurado, cansado, animado. Mas da forma que o encontrei essa última semana, ainda não tinha visto.
Ele estava muito bem arrumado. Quieto. Ao chegar percebi o ar pesado no entorno da mesa. Quase sólido. Estaria ele conseguindo respirar? Talvez o corpo, mas sua mente com certeza clamava por espaço. Claustrofóbica. Como sei que a roupa muitas vezes disfarça sentimentos, notei que aquele meu amigo precisava de mim como jamais havia precisado antes. Eu era seu refúgio. Seu pedido de isolamento.
Cheguei. Fui delicadamente apoiado ao tampo, junto com o açucareiro, o adoçante, um cel... Espera um pouco – pensei – as coisas estão diferentes. O celular não estava junto a mim. Uau! Isso era realmente estranho. Mas eu o havia observado falando no tal aparelho. No momento em que me levava à boca, vi o celular no bolso da jaqueta.
Eu, que não sou bobo, entendi logo, o problema era exatamente o celular. Provavelmente recebeu alguma ligação desagradável. E bota desagradável nisso. Não estava concentrado. Parecia inquieto. Pegava o jornal – que estava na cadeira ao lado – abria. Folheava. Fechava. Colocava-o de volta no mesmo lugar.
Olhava o cardápio. Não tinha fome. Ia ao banheiro. Voltava. Tudo sem vida. Sem animação. Finalmente parou. Aquietou-se. Parecia mergulhado em seus pensamentos. Ensimesmado. Tonto. Não consegui entender o que havia se passado. Só sabia que o problema havia sido o celular. Olhou para as mesas ao redor. Mas só conseguia enxergar a si mesmo. O barulho, a conversa, o tilintar dos talheres, pareciam demasiadamente externos a ele, para que pudessem ser percebidos. Observados. Seu olhar seguia caminhos escuros. Desconhecidos. Inimagináveis.
Meu grande amigo pareceu-me um estranho. Parecia impossível desvendar seus mistérios. Sua matemática. Não existia uma lógica para ser desvendada. Não existia, sequer, uma venda. O que existia era o ritmo caótico de um furacão. E a calma inquietante de um lindo dia de sol.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
Gostaria de entender a complexa alma humana, afinal, não possuo essas sutilezas. Não tenho uma alma delicada, gentil. O que possuo é conhecimento. Experiência. Mas alma, não. Isso eu não tenho. Outro dia sentei junto a um cliente antigo. Desses que a todo o momento me procuram. Já o vi triste, feliz, amargurado, cansado, animado. Mas da forma que o encontrei essa última semana, ainda não tinha visto.
Ele estava muito bem arrumado. Quieto. Ao chegar percebi o ar pesado no entorno da mesa. Quase sólido. Estaria ele conseguindo respirar? Talvez o corpo, mas sua mente com certeza clamava por espaço. Claustrofóbica. Como sei que a roupa muitas vezes disfarça sentimentos, notei que aquele meu amigo precisava de mim como jamais havia precisado antes. Eu era seu refúgio. Seu pedido de isolamento.
Cheguei. Fui delicadamente apoiado ao tampo, junto com o açucareiro, o adoçante, um cel... Espera um pouco – pensei – as coisas estão diferentes. O celular não estava junto a mim. Uau! Isso era realmente estranho. Mas eu o havia observado falando no tal aparelho. No momento em que me levava à boca, vi o celular no bolso da jaqueta.
Eu, que não sou bobo, entendi logo, o problema era exatamente o celular. Provavelmente recebeu alguma ligação desagradável. E bota desagradável nisso. Não estava concentrado. Parecia inquieto. Pegava o jornal – que estava na cadeira ao lado – abria. Folheava. Fechava. Colocava-o de volta no mesmo lugar.
Olhava o cardápio. Não tinha fome. Ia ao banheiro. Voltava. Tudo sem vida. Sem animação. Finalmente parou. Aquietou-se. Parecia mergulhado em seus pensamentos. Ensimesmado. Tonto. Não consegui entender o que havia se passado. Só sabia que o problema havia sido o celular. Olhou para as mesas ao redor. Mas só conseguia enxergar a si mesmo. O barulho, a conversa, o tilintar dos talheres, pareciam demasiadamente externos a ele, para que pudessem ser percebidos. Observados. Seu olhar seguia caminhos escuros. Desconhecidos. Inimagináveis.
Meu grande amigo pareceu-me um estranho. Parecia impossível desvendar seus mistérios. Sua matemática. Não existia uma lógica para ser desvendada. Não existia, sequer, uma venda. O que existia era o ritmo caótico de um furacão. E a calma inquietante de um lindo dia de sol.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Crônica 29: O INCÔMODO
Às vezes acho que eu sou muito sensível a certos acontecimentos. Talvez seja o Natal chegando. Talvez, apenas, um lado humano parecendo em mim. Afinal, cafés não costumam sentir. Mas eu sou um café diferente. Sinto. Escrevo. Penso. Analiso. Fico, até mesmo, indignado.
Andei lendo o jornal alheio... Confesso. E li algo que me assustou. O caos instaurado em Santa Catarina, após uma forte tempestade. O dono do jornal era um jovem. Muito bonito. Estava acompanhado por sua namorada. Que casal agradável. Liam. Conversavam. Tomavam seu café.
Era sábado. Um dia próprio para fazer nada. Que delícia. Até que o rapaz abre o jornal. A página escolhida falava sobre o desastre dantesco e surreal ocorrido em algumas cidades do estado de Santa Catarina. Ele pára. Pensa. E, finalmente, pergunta:
- Se você tivesse um helicóptero e soubesse que estão precisando de helicópteros emprestados para o salvamento das vítimas. O que faria?
- Eu emprestaria – responde ela, firmemente. – E você?
- Eu também. Claro. É isso que estou pensando. Aqui diz que estão precisando de helicópteros. Tem uma porção de empresários... Todos com mais de um... Ninguém se habilita? Poxa é para salvamento! Caminhões também...
- Pois é... E depois quem tem um pode ter dois... Caso aconteça algo com a aeronave dele... O pessoal é egoísta mesmo... Triste isso, né?
- Revoltante!
Os dois se entre olharam. Não podiam ajudar. Mas gostariam muito. Infelizmente nem todos pensam como eles. A maioria quer garantir o seu. E isso pode ser percebido desde as situações mais banais até as maiores calamidades. O ser humano, por vezes, esquece que é parte de algo maior que seu umbigo. Que faz parte do mundo.
Mas não faz mal. Ouvir esse casal conversando me trouxe esperança. Conforto. Paz. É bom saber que ainda existem pessoas preocupadas com seus semelhantes. Indignadas. Mesmo que não possam fazer mais que isso. Esse sentimento já tem poder por si só.
Desejo aos meus leitores – algo que ouvi há tempos atrás e jamais esquecerei – que se incomodem. E que nunca, nunca mesmo, consigam deixar de se importar. De se incomodar. Consigo e com os outros.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
Andei lendo o jornal alheio... Confesso. E li algo que me assustou. O caos instaurado em Santa Catarina, após uma forte tempestade. O dono do jornal era um jovem. Muito bonito. Estava acompanhado por sua namorada. Que casal agradável. Liam. Conversavam. Tomavam seu café.
Era sábado. Um dia próprio para fazer nada. Que delícia. Até que o rapaz abre o jornal. A página escolhida falava sobre o desastre dantesco e surreal ocorrido em algumas cidades do estado de Santa Catarina. Ele pára. Pensa. E, finalmente, pergunta:
- Se você tivesse um helicóptero e soubesse que estão precisando de helicópteros emprestados para o salvamento das vítimas. O que faria?
- Eu emprestaria – responde ela, firmemente. – E você?
- Eu também. Claro. É isso que estou pensando. Aqui diz que estão precisando de helicópteros. Tem uma porção de empresários... Todos com mais de um... Ninguém se habilita? Poxa é para salvamento! Caminhões também...
- Pois é... E depois quem tem um pode ter dois... Caso aconteça algo com a aeronave dele... O pessoal é egoísta mesmo... Triste isso, né?
- Revoltante!
Os dois se entre olharam. Não podiam ajudar. Mas gostariam muito. Infelizmente nem todos pensam como eles. A maioria quer garantir o seu. E isso pode ser percebido desde as situações mais banais até as maiores calamidades. O ser humano, por vezes, esquece que é parte de algo maior que seu umbigo. Que faz parte do mundo.
Mas não faz mal. Ouvir esse casal conversando me trouxe esperança. Conforto. Paz. É bom saber que ainda existem pessoas preocupadas com seus semelhantes. Indignadas. Mesmo que não possam fazer mais que isso. Esse sentimento já tem poder por si só.
Desejo aos meus leitores – algo que ouvi há tempos atrás e jamais esquecerei – que se incomodem. E que nunca, nunca mesmo, consigam deixar de se importar. De se incomodar. Consigo e com os outros.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Dezembro/2008
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