quarta-feira, 16 de março de 2011

Crônica 50: Uma Amizade sem Fronteiras


Nossa, estou até mal passado. Depois de dois anos sem escrever...
Mas vamos lá aquecer os motores... Opa, seria melhor dizer que eu vou colocar a água pra ferver, né?
Nesses dois anos parado muitas coisas aconteceram na minha vida. Muitas mudanças. Muitos altos e baixos. Muitos amores e desamores. Ilusões e desilusões. Enfim, muito tudo. Recomeçar nunca é fácil, é sempre um trajeto duro. Uma estrada tortuosa.
Eu sei que não estou aqui para falar de mim e sim dos meus admiradores, meus companheiros fiéis, mas depois de dois anos sem escrever, quando sentei aqui, não resisti...
E para o primeiro texto, desta segunda fase, escolhi uma admiradora mais que especial. Não, não se trata de uma celebridade. Nem de um humano. Mas sim de "alguém" que sempre adorou a minha presença. Mesmo sem nunca saborear-me.
Ela vinha sempre acompanhar sua dona. Vinha quietinha. Sentava-se ao lado dela. E ali permanecia. Contemplativa. Meu sabor não era em nada agradável ao seu paladar. Mas meu aroma... Esse sim encantava essa linda poodle.
Sua “mãe”, por sua vez, era uma jovem muito tagarela. Conversava com todos. Com quem passava. Com os amigos que vinham encontrá-la. Com os garçons. Não importava. Todos sabiam que no fim da tarde era possível encontrá-la com seus dois melhores amigos: Eu – o seu Cafezinho – e Sissi – a sua poodle.
Em uma de suas conversas a ouvi dizer:
- Você não imagina, quando saio de casa, ela já se anima toda, abana o rabo e é capaz de vir sozinha até aqui. Acho que ela também adora um café no fim da tarde!
Fiquei extremamente lisonjeado. E era verdade. Aquela bolinha de pelos realmente me cativou e cativou a todos. Certo dia, ao receber carinho, quase me derruba da mesa. Fiquei nervoso. Um pouco sem equilíbrio. Mas logo percebi que ela me queria mais perto dela.
Pelos pretos. Olhos “sábios”. O tempo passou e sua dona não retornou mais. Fui ficando triste. Veio-me um sentimento estranho... É a tal saudade! Já estava murchinho quando, um longo tempo depois, ela reapareceu. Se tivesse pernas teria saído correndo ao seu encontro.
Mas minha casa estava cheia e o rapaz demorou a me buscar. Quando cheguei à mesa senti um calafrio. Era uma lágrima gelada caindo em mim. Foi quase um tsunami em minha xícara. Não a vi conversar com ninguém. Nem mesmo comigo. E quando a moça, delicadamente, me levou à boca... É que pude olhar para baixo... E... Não ver... A linda Sissi não estava mais lá.
Nunca mais ela se sentaria abaixo de mim e me olharia com aquele olhar sapeca. Nunca mais ouviria seu latidinho. Nunca mais sua patinha se apoiaria nas pernas de minha apreciadora para saber o que estava acontecendo sobre a mesa... Nunca mais.
No entanto, gosto de imaginar que todos os dias esse “anjinho” vem me visitar. Senta-se no chão. Me espera chegar. E ficamos, os dois, sozinhos, conversando na linguagem do amor!




In Memoriam de Sissi *11/10/1999 a 09/02/2011*






Mariana Primi Haas - MTB 47229                                                                                                                                        Março/2011