A mesa era animada. Três pessoas papeando. Gesticulando. Duas mulheres. Um homem. Um deles falava mais que os outros. Curiosamente não eram as mulheres. Cheguei quietinho e me acomodei. Espera aí. Para tudo eu não entendia nada que era dito.
Açúcar. Mais açúcar. Colherinha mexendo. Primeiro gole. Mexe mais. Segundo gole.
- What is this? – Dizia o homem.
- Sugar – as duas moças respondiam.
- Ok, ok. Very good!!
E então começavam a conversar freneticamente sobre aquele assunto. As mulheres gaguejavam um pouco. Mas conseguiam completar a frase.
“O que é isso?” pensei. Algum tipo de seita? Uma comunidade secreta? De repente uma palavra que eu conhecia. Português. Ufa! Mas era apenas uma correção relacionada àquela estranha língua. Foi aí que entendi.
Não se tratava de seita nenhuma. Era apenas um professor de inglês e suas duas alunas. Por isso só falavam inglês. Ele trazia seus alunos para os cafés, para as ruas, a fim de que aprendessem o idioma na prática. Para que se sentissem estimuladas a conversar. E conversavam sobre os mais variados assuntos.
Achei aquilo bárbaro. Uma forma inteligente de ensinar outro idioma. Por que será que poucos professores se valem desse método? Além de ser divertido aprendem-se palavras que não estão nos livros.
Outubro. Mês dos santos. Das crianças. Dos professores. É um mês de respeito. Existem professores bravos. Bonzinhos. Calados. Amigos. Inteligentes. Pedantes. São seres humanos. Cheios de defeitos. Mas também existem professores ousados. Cheios de idéias. Criatividade.
Os três conversaram muito. Mesmo. Comeram. Tomaram café. Eu fiquei tonto. Fui e votei tantas vezes... Nossa.... Sem entender uma só palavra.... Perdido. Preciso urgentemente aprender novos idiomas... Risos.
Percebi que falaram muito de mim. Virei o “Cófi”. Tentei me envolver. Entender. Aprender. Mas não podia perguntar. Dureza essa vida. Ninguém aprendeu minha linguagem ainda. Mas foi uma experiência e tanto.
Levantaram-se. Empurraram as cadeiras. Seguiram até o caixa. Passos leves. Formalidade no ar. Cada um pagou o seu. Ninguém pagou o “Cófi” do professor. Saíram. Foram-se. Falando. Falando. Falando.
Mariana Primi Haas - MTB 47229
Outubro/2008
7 comentários:
Oi Mariana, Há algum tempo não lia suas crônicas, notei amadurecimento e mais criatividade, gostei do lance de relacioná-las com os Dias comemorativos do mês. Parabéns, você está aprimorando. Beijo com sinceros desejos de muita inspiração. Logo, logo isto vai virar Livro de Crônicas,já pensou em publicar?
Oi Mariana, Parabéns! Gostei das crònicas. O texto é gostoso de ler. Você consegue desenvolver o tema de maneira profunda e com criatividade.
Gostei muito da crônica.E como já pus em prática esse tipo de passeio convido o cafezinho para algumas aulinhas de inglês.E para ele, eu não cobro. Mariana, você está cada dia melhor.Que tal escrever as crônicas também em inglês? beijos mil.
Adorei!!!! Inclui nos meus favoritos. Bjs
Gente, eu tive aula com um professor assim.... Amava! Hhahahaha.... Adorei o texto novo, gata! Beijão
Texto leve e bem sacado. Parabéns!
Nossos profes levavam a gente pro boteco. Qual a cidade do café?
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