Tenho novidades essa semana. Em frente à minha casa agora há um ponto de ônibus. Muita gente não gostaria dessa novidade, mas pra mim, um cafezinho contador de “causos”, é ótimo. Muitas vezes, quando estou em mesas silenciosas posso prestar atenção nas histórias do ponto.
E olha que são muitas. O mais interessante é que lá na rua, no ponto, o público é outro. Heterogêneo. São estudantes, estagiários, profissionais, domésticas, garis, pessoas apenas passeando, amigos, namorados. Enfim, tudo que se possa imaginar.
Ontem foi o primeiro dia dessa confusão toda. A maioria nunca entra para conversar comigo. No entanto, mesmo assim, posso saber das notícias, assuntos e fofocas de cada um direto do conforto da minha mesa.
Algo que notei foi o uso dos celulares. Mas não da forma implicante com que sempre falo dele. Afinal de contas,quando esses aparelhinhos estão longe de mim, não me dizem respeito.
Observei, porque às vezes a pessoa está sozinha no ponto, sem ter o que fazer, nem com quem falar e saca logo o celular. E uma longa conversa – unilateral – se estabelece. Conta-se o dia inteiro. Fofoca-se. Diz-se do dia no trabalho, do namorado. Fala-se mal de muita gente.
O que me intriga é a capa de vidro isolante que se forma no entorno daquele que tagarela sem parar ao telefone. A impressão que dá é que não há mais ninguém no mundo. Que só existem ele e o minúsculo aparelho em suas mãos.
Sabe, a impressão que dá é que as palavras ditas ali ficam presas dentro o celular. Que ninguém do mundo externo ao seu poderá ouvi-lo. E, mais, chego a pensar que quem está do outro lado da linha é o menos importante. O que realmente existe para o dono do aparelho é ele mesmo.
A redoma formada já é tão eficiente que não há nem mesmo a preocupação de que a pessoa de quem se fala poderia ouvi-lo. Ou até mesmo alguém conhecido passar e prestar atenção no que está sendo dito.
Dia desses um rapaz ouvia música em seu “mil e uma utilidades” e ao mesmo tempo falava sem parar pelo alto falante. O ônibus chegou, ele dirigiu-se ao transporte e subiu. Enrolou-se todo com o fio. Quase cai dos altos degraus. Mas não desligou.
Penso eu, quantas possibilidades não são perdidas em momentos como esse. Quantas oportunidades de conhecer melhor a si mesmo. De olhar o caminho do ônibus. De saber quem pega o mesmo ônibus todo dia com você. De, simplesmente, ouvir o próprio silêncio. Enfim, viver o mundo ao invés de flutuar com vendas nos olhos e celular no ouvido.
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Maio/2011
E olha que são muitas. O mais interessante é que lá na rua, no ponto, o público é outro. Heterogêneo. São estudantes, estagiários, profissionais, domésticas, garis, pessoas apenas passeando, amigos, namorados. Enfim, tudo que se possa imaginar.
Ontem foi o primeiro dia dessa confusão toda. A maioria nunca entra para conversar comigo. No entanto, mesmo assim, posso saber das notícias, assuntos e fofocas de cada um direto do conforto da minha mesa.
Algo que notei foi o uso dos celulares. Mas não da forma implicante com que sempre falo dele. Afinal de contas,quando esses aparelhinhos estão longe de mim, não me dizem respeito.
Observei, porque às vezes a pessoa está sozinha no ponto, sem ter o que fazer, nem com quem falar e saca logo o celular. E uma longa conversa – unilateral – se estabelece. Conta-se o dia inteiro. Fofoca-se. Diz-se do dia no trabalho, do namorado. Fala-se mal de muita gente.
O que me intriga é a capa de vidro isolante que se forma no entorno daquele que tagarela sem parar ao telefone. A impressão que dá é que não há mais ninguém no mundo. Que só existem ele e o minúsculo aparelho em suas mãos.
Sabe, a impressão que dá é que as palavras ditas ali ficam presas dentro o celular. Que ninguém do mundo externo ao seu poderá ouvi-lo. E, mais, chego a pensar que quem está do outro lado da linha é o menos importante. O que realmente existe para o dono do aparelho é ele mesmo.
A redoma formada já é tão eficiente que não há nem mesmo a preocupação de que a pessoa de quem se fala poderia ouvi-lo. Ou até mesmo alguém conhecido passar e prestar atenção no que está sendo dito.
Dia desses um rapaz ouvia música em seu “mil e uma utilidades” e ao mesmo tempo falava sem parar pelo alto falante. O ônibus chegou, ele dirigiu-se ao transporte e subiu. Enrolou-se todo com o fio. Quase cai dos altos degraus. Mas não desligou.
Penso eu, quantas possibilidades não são perdidas em momentos como esse. Quantas oportunidades de conhecer melhor a si mesmo. De olhar o caminho do ônibus. De saber quem pega o mesmo ônibus todo dia com você. De, simplesmente, ouvir o próprio silêncio. Enfim, viver o mundo ao invés de flutuar com vendas nos olhos e celular no ouvido.
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Maio/2011
5 comentários:
Êta vidro isolante da rua!!!!
Realmente é o celular e a pessoa.
Que virada "cultural"!!!!
Café com ponto de ônibus em frente... É BOM TAMBÉM
Deve ter cada uma!!!!
Mariana.Parabéns pela observação,com sempre digo as pessoas vão vivendo cada vez mais em função destes aparelhos,se izolando e perdendo talvez a chanche de ser feliz, muitas vezes o grande amor esta na nossa frente e não percebemos ou até mesmo um grande amigo esteja ai.Enfim vamos continuar tomando nosso café e observando o que está por vir.
Beijos mil.F.Rubano
O mundo não seria o mesmo sem os babacas!
Oi, Visitei seu blog e amei! Já pensou em transformá-lo em um livro? Pense nisso! Se tiver interesse!
QUE PENA !!!!!!!!
FAZ EXATAMENTE 1 ANO QUE VENHO AQUI LER AS CRÔNICAS...........
E... NADA...
PORQUE PAROU ??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
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