Dia desses teve um amigo secreto
de fim de ano lá em casa. Estavam presentes todos aqueles que contribuem
diariamente para que EU, o seu cafezinho, seja servido da melhor maneira.
Chegaram todos ao mesmo tempo.
Não era dia de uniforme. Foram todos muito bem arrumados. De branco. A casa
também estava enfeitada para recebê-los. Em tons de dourado. Em um primeiro
momento houve um certo estranhamento. Apesar dos efusivos cumprimentos e
desejos de boas festas.
Aos poucos foram se sentindo mais
a vontade. Era um tal de um medir com os olhos os pacotes e sacolas dos outros.
Os comentários pretendiam-se discretos. Mas, nem sempre atingiam esse objetivo.
Segredos do tipo: “você viu o que o Silva trouxe? Ele não gastou R$50 naquilo
nunca”. Também acho que não. Deve ter
sido aquela mulher dele que comprou... Metida...
Havia uma mesa no canto do salão
onde todos depositaram seus pacotes. Alegres. Cheios de expectativas. “Sabe,
não quero nem ver o que eu vou ganhar. Sempre dou coisa boa e ganho mixaria.
Tenho muito azar nesses “amigos””. Nem me
fale. E assim seguiam as duplas e trios. Fofocando. Futricando. Fuxicando.
E os presentes nem haviam sido entregues, hein?
Beberam. Comeram. A cerveja fez
muito mais sucesso que eu essa noite. Fiquei um pouco enciumado. Tristinho. Mas
era compreensível. Acompanhei tudo do balcão. Não me imponho. Só apareço quando
sou chamado. Talvez seja por isso que muitos se digam viciados em mim.
Mas, voltando à festa. Depois de
alguns copos, a nossa gerente anunciou super animada: “E ai, vamos começar
nosso “amigo”?”.
Cada qual retirou sua sacola.
Sentaram-se. Foi bem interessante assistir de longe a confraternização. Só
assim, pude observar os sorrisos amarelos. Os “muito obrigado” falsos. Os “Ai,
querida, adorei”, ditos com tanto entusiasmo que se poderia acreditar. A menos
que se prestasse bastante atenção ao amargor do olhar.
Pequenas maldades não foram
poupadas. “A minha amiga secreta é linda! É a Janaína!” Muito obrigada! Nossa, o que será? Empolgou-se com o peso do
presente. Ao abri-lo... Nossa... Um livro
de regime? Questionou. Com os olhos voltados para sua barriguinha saliente.
Obrigada...
Conforme os presentes foram sendo
entregues, as caras de decepção e os comentários maliciosos foram aumentando. A
gerente foi a única que, genuinamente, gostou da sua lembrança. Quase no fim da
reunião, alguém lembrou: Não vamos tomar café? Afinal, é por ele que estamos
aqui!
Emocionei-me. Deu até tremedeira.
Cumprimentei a todos. Fim de festa. Depois que o salão se esvaziou fiquei ali.
Analisando. Por que as pessoas fazem esse tipo de festa? Talvez para se
sentirem parte de algo. Talvez para se iludirem, pensando terem espírito de
equipe. Ou, simplesmente, para terem certeza que alguém dedicou a elas parte de
seu tempo.
Humanos são mesmo engraçados. Não
seria mais fácil apenas presentear a quem se gosta? Mas e se eu der e não
receber? Mais fácil combinar a troca. Mais fácil ir pelo caminho conhecido.
Mais fácil ser previsível.
Como diz um grande amigo meu, o
adoçante, a carência é o mal do século (ele leu isso em algum lugar, eu sei,
mas vive repetindo).
Espero, sinceramente, que todos meus amigos e leitores tenham um lindo
2013. Que continuem acompanhando o blog e gerando histórias para este cafezinho,
aqui!
Com açúcar e com afeto!O seu Cafezinho
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Janeiro/2013
5 comentários:
Acho que ás vezes é melhor trocar chocolates,pois creio que a maioria gosta.O pior é quando você recebe um presente muito sem graça e a pessoa diz" È a sua cara"
Adorei o texto!
Beijos e Feliz ano novo!
Esse episódio é recorrente, né, não? Se Natal e, por conseguinte, presentes não fosse obrigação ficaria tudo tão mais leve...
por essas que agora eu só faço amigos secretos vips. no de 2012 tinham 4 pessoas. pouca surpresa, mas muito amor e verdade. rs
Tally Linda! Ótima opção!
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