Dia ensolarado. Tarde feliz. Em dias assim a
cidade se torna quase um parque de diversões. É mãe passeando com filho. É
cachorro brincando com os donos. Idosos caminhando. Incrível como o sol tira de
todos seus melhores sorrisos. É como se houvesse uma promessa velada de dias
melhores.
Enfim, filosofias baratas de um Cafezinho ...
Sentou-se em minha companhia uma jovem
de seus vinte e poucos anos. Uma carinha simpática. Mas um tanto maltratada
para tão pouca idade. Com ela seu filho, e sua sobrinha. Os dois com cinco anos. No máximo.
Sentaram. Demorou um pouco, mas se ajeitaram.
Para ela um cafezinho. Para as crianças suco. Eis que a menina tira da mochila que
trazia nas costas um saco de pipoca doce. Aquela que vem numa embalagem cor de rosa.
E devagarzinho ela vai se deliciando. Grão a grão. O menino que não tinha a
guloseima incomodou-se. Foi ficando triste.
A mãe, vendo a agonia do menino, disse:
"meu filho se quer pipoca peça à sua prima". Foi o que o menino fez.
Rápida e timidamente. "Melina, me dá uma?". Mas a resposta da
garotinha não foi a esperada por todos. "Não". Rafael começou a
chorar. Estava criado o caos. Puxava a blusa da mãe, num pedido de socorro.
A mulher, por sua vez, sem saber lidar com a
situação, resolveu dar um fim ao problema. Não tentou uma conciliação ou a
famosa psicologia infantil. Decidiu intimidar a garota. Quem era ela para negar
uma pipoca ao seu filho?
"Ah, não vai dar não?".
"Não", reafirmou a menina. "Não faz mal. Sabe o que acontece com
quem come tudo sozinha? Engorda. Fica desse tamanho, "Ó". Enquanto
falava essas palavras para a sobrinha de cinco anos, a mulher fazia caretas e
estufava as bochechas numa tentativa de ilustrar como ela ficaria caso comesse
tudo sozinha.
Melina, obviamente assustada, resolve
recorrer ao único recurso encontrado. Ela estava sendo acuada pela tia. Por um
adulto. "Meu pai vai bater em você". A tia, não contente respondeu:
"vai é? O pai dele vai bater no seu pai e, quer saber, talvez a titia nem
deixe você entrar na casa dela, hoje".
E, assim, levantaram. Ela segurando cada
criança em uma das mãos. A pequena com sua pipoca e sua mochila. Foram embora.
Mas a história ficou. Os comentários das outras mesas também. Não foi uma
situação engraçada. Foi trágica. Dolorida.
Para as crianças foi ensinado nessa pequena
experiência que o importante não é dividir. É ter razão. Que, para tanto, vale
tudo, inclusive, a violência física. Que a chantagem é válida na hora de
resolver os problemas. Entre tantos outros valores equivocados. E, assim, as
crianças crescem e se desenvolvem! E o Brasil continua sendo o país do futuro!
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Abril/2013
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Abril/2013
3 comentários:
mas pipoca do saco rosa não se divide assim, não! rs... não tiro a razão da menina!
e é triste perceber qtos adultos agem de forma tão idiota quanto essa mãe... se os adultos de hoje são assim, assustador imaginar como serão os próximos adultos...
Êta Cafezinho bom!!!!!!
È preciso cuidado com as palavras,pois muitas vezes ficam gravadas para sempre.Esse cafezinho está cada dia mais observador.
Postar um comentário