quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Crônica 17: A ERUDIÇÃO

As pessoas são realmente muito engraçadas. Valorizam o lirismo à sabedoria prática. Quanto mais difícil alguém discursa, mais sua opinião é valorizada. Já perceberam? Eu, pessoalmente, dispenso falas cheias de pompa. Principalmente quando o narrador sabe muito pouco do que está falando. Quando há apenas a intenção de impressionar.

Falo isso porque semana passada fui parar em uma mesa dessas chatas... Mas muito férteis para o nosso papo. Eram dois caras. Moderninhos. Cheios de si. Vinham de uma sessão de cinema. Cult. Claro. Fazia frio. E muita garoa.

- Dois expressos curtos! – Sentenciou o cara da direita.

- Então... Gostou do filme?

- Gostei... Interessante...

Eu cheguei. Curioso, como sempre. Os dois deram uma pequena bicada no meu conteúdo. “Não sei por que eles insistem em dar um toque amadeirado no café... Prejudica o sabor...” resmungou um dos homens. Espera um pouco. Toque amadeirado? Nunca ouvi falar de café com toque amadeirado. Eu definitivamente não tenho.

- Você entende tanto assim de café? Pra mim está ótimo!
- Não notou? Está óbvio!

Aquele esnobe não entendia nada de café. Mesmo assim continuou.

- Pois é, esses baristas modernos insistem na customização. Já reparou como deformam o DNA do grão? É revoltante...

- Jura? – respondeu o outro incrédulo – Pra mim está uma delícia!

- Delícia nada... Tá certo que é uma questão de habituar o palato... Mas dizer que este café está bom é um ultraje!

E assim foi discursando sobre mim. Falando mal de mim. Na minha frente. Escolhendo as palavras. A dedo. Fiquei indignado. Torci muito para que o café caísse e manchasse todo o seu pulôver cinza clarinho. Não cai. Não manchei.

Meu tão enfático crítico deve ter lido algum artigo, porém, muito provavelmente, sobre vinho. Mas ele não viu mal nenhum em expor seus “conhecimentos” e impressionar o amigo. Tolo. Por que não disse o que sabia? Por que acreditou em alguém tão desabilitado para falar sobre o assunto?

Eu sei a resposta. Porque o outro fez cara e voz de quem sabia do que estava falando. Não aceitou interferências. Não se deixou questionar. E eu. Fiquei ali triste. Fui abandonado. Xingado. Mal tratado. Não pude responder. Eu não tenho DNA. Tenho safra. Nem tão pouco tom amadeirado. Tenho gosto de prazer. De acolhimento. Mas ainda assim, tenho coração. Entristece-me as pessoas darem ouvidos a eruditos tão ignorantes.



Mariana Primi Haas - MTB 47229 
Setembro/2008

4 comentários:

Anônimo disse...

odeio gente assim. q quer mostrar o q supostamente sabe. pfffff... bjos

Anônimo disse...

Pessoas assim são como os pseudo-intelectuais.Falam,falam e não dizem nada.

Anônimo disse...

Argh! Que cara chato!!!

Anônimo disse...

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