segunda-feira, 30 de março de 2009

Crônica 44: A Bolsa

Mais um dia de chuva. Logo desanimo quando ouço trovões e vejo relâmpagos no céu da minha cidade. Por quê? Ah, nessas ocasiões sou menos procurado por meus queridos amigos. Muitos preferem chegar logo em casa. Querem evitar o trânsito. Tomar banho. Enfim, pensam em tudo, menos em apreciar minha deliciosa companhia.
Mas coisas interessantes também podem acontecer em momentos inesperados. Sábado à tarde. Caia um “pé d’água”, como costumam dizer por aqui, minha casa estava vazia. Eu fazia companhia a um rapaz. Sentado. Olhando pro nada. Atendia ao telefone de vez em quando.
De repente entra um saco plástico e se senta junto ao rapaz. Estranhou. Pois era isso mesmo. Uma jovem adentra o salão com um saco plástico na cabeça. Desesperada. Parecia uma mercadoria de supermercado.
- Eu não estou acreditando nessa chuva! Meu cabelo vai ficar horrível pra festa! – esbravejava.
- Calma amor. Nem molhou. O seu cabelo está lindo! – dizia o rapaz tentando animá-la.
Além do saco na cabeça, ela trazia um volume estranho no abdômen. Olhei. Achei aquilo estranho. A moça era magrinha demais pra ter uma barriga volumosa como aquela. Fiquei encafifado. Eu estava certo ela era magrinha mesmo. O volume se tratava tão somente de um cachorro.
Um lindo cachorrinho. O namorado não se conteve:
- O que é isso? Pra que colocá-lo dentro da blusa?
- Ele acabou de sair do pet! Fez escova... Não pode se molhar!
Finalmente a moça sentou. Amarrou o inquieto “pitchuco” na cadeira. Abriu uma bolsa enorme. Tirou de lá um pente. Espelho. Maquiagem. Acessórios para o cachorro. Entre eles uma escova. Um potinho de água. Água. “Petisquinhos”. Não parava de sair coisa de lá.
Pediu um café. Voltei. Cheio. Quente e encorpado.
- Garçom, traz adoçante, por favor?
- Infelizmente está em falta senhora.
- Tudo bem.
Tudo bem mesmo. Ela no mesmo momento retirou três saquinhos de adoçante da bolsa. Fora todo resto. Celular. Carteira. Agenda. Etc. Etc. Etc.
- Lindinha. Tem mais alguma coisa ai? Só falta você tirar a sua mãe de dentro dessa "mala"!



Mariana Primi Haas - MTB 47229 
Março/2009

8 comentários:

Regina disse...

No caso a mãe não estaria na mala, nem tampouco é "mala".

Hehehehehe!!!

Anônimo disse...

Bolsa de Mulher é isso aí.
Uma delícia... tem de tudo, um pouco.

Porque será que o cão não estava dentro da bolsa?

E porque na bolsa não tinha guarda chuva?

E secador de cabelo?

É QUASE A CASA TODA!!!!

Arthur disse...

A chuva, o cabelo, a escova, o cachorro, a bolsa, bem que dava um samba, ou seria bossa nova? Minimalista.

Helô Tavares disse...

Posso até estar enganada, mas acho que conheço esta moça, o namorado, o cachorro e principalmente a bolsa!! rsrsrsrsrsr
Adorei!!! Se fosse minha filha não pareceria tanto!! hehehehehe

Tally M. disse...

da minha, saía minha mãe fácil, hahahaha
beijo

Anônimo disse...

Parabéns Mariana.
É verdade quando chove as pessoas esquecem até do café,não sabem como é aconchegante um bate papo tomando um cafézinho numa tarde chuvosa,ai então surgem figuras como estas que chegam a nos divertir.Como sempre o ser humano esta sempre preocupado com aparências.Beijos mil.
F.Rubano.

Cadu Cortez disse...

Bom, muito boa a crônica.
Parabéns.
Viste o meu blog, dê pitacos, serão bem vindos, parecido com o seu, mas não sou café, eheheh.
Excelente idea, sem acento, aliás.

caducortez.blogspot.com

Unknown disse...

Puríssimo!!!!! Adoro CAFÉ, café de verdade, qualquer coisa que o adoce estraga o sabor.
Muito feliz com a volta do café contador de causos. Este café seria parente do Rolando Boldrin? Hehehehe
Beijos aromáticos pra você e todos os leitores fãs de um bom cafezinho
Junia