Era mais um dia típico dessa
grande cidade: um pouco de sol, um pouco de chuva e, por fim, muito frio. E, como sempre em dias assim, minha casa fica
cheia. Bem cheia. Chega mesmo a ter fila de espera na porta. Quando isso acontece
me sinto lisonjeado. Tanta gente assim querendo passar algum tempo comigo...
No fim do dia, com aquela garoa
fina caindo, as pessoas iam chegando, em geral com as mãos cheias.
Atrapalhadas. E eram bolsas. Carteiras. Cartões. Tudo caindo. Casacos e guarda-chuvas
também faziam parte do cenário. O clima era de ansiedade. E, por incrível que
pareça, todos estão ali me procurando para... Relaxar.
Pois é. E nesse "caos"
tão nosso, ele se sentou. Convidou-me a acompanhá-lo. Colocou seu note e seu celular sobre a mesa -
companhias que eu detesto - e concentrou-se. Ficamos sem nos comunicar por uns
15 minutos. Nem um gole sequer. Até que... Quando ele resolveu degustar-me...
em um gesto desajeitado... derrubou minha xícara.
Ai! Foi uma cachoeira de café.
Escorri pela mesa e caí no seu colo. Nesse momento, percebi que meu amigo
estava com o zíper aberto. E agora? O que fazer? Eu ouço todos. Chego até seus
pensamentos. Sentimentos. Mas ainda não consigo falar com eles (só com a minha
interlocutora).
Sendo assim, aquela situação me
deixou um pouco desconfortável. De qualquer forma, tentei abstrair. Olhei para
o teto. Para a mesa ao lado. Para duas crianças
que brincavam no salão, e torcia
para que ele não se levantasse. Foi nesse momento que chegou um conhecido do
rapaz e ele precisou se erguer. Que nervoso.
Fui de volta para o balcão.
Quando cheguei lá tive uma idéia maravilhosa. Me sacudi daqui. Mexi dali e
Voilá! Consegui desenhar algo parecido com um zíper na minha superfície. Quando
voltei à mesa meu amigo já havia se sentado. Digitava no seu computador. Olhava
seu celular. E demorou demais para me ver ao seu lado. Quando foi dar seu
primeiro gole... Meu desenho tão duramente trabalhado já havia sumido.
E o tempo passou. Ele recebeu uma
ligação que pareceu bastante importante. Levantou-se e foi embora. E o zíper?
Bem, o zíper continuou aberto. E eu continuei na mesa. Paciência. Eu bem que
tentei. E lá foi ele. Quando chegou na esquina, pude ver que outro rapaz
avisou-o do incidente. Que alívio!
De qualquer forma, fica a dica:
da próxima vez que for tomar seu cafezinho, olhe para ele com atenção. Talvez
ele queira te dizer algo...
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Julho/2013
Mariana Primi Haas - MTB 47229 Julho/2013
2 comentários:
Muitas vezes a tecnologia robotiza o ser humano que acha que não pode parar nem para apreciar um cafezinho.
fiquei imaginando a cena, rs
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