quarta-feira, 1 de outubro de 2008

CRÔNICA 20: A FILA

Época de eleições. Que bagunça. Debate na televisão. Milhões de matérias nos jornais, telejornais, revistas ou, como diria uma de minhas degustadoras, milhões de variações sobre o mesmo tema. Vira e mexe vejo, ao meu lado, na mesa, santinhos, folhetos, enfim, publicidade. Montes de sorrisos. Falsos. Com certeza. Promessas. Quem sabe se reais, ilusórias ou idealistas?
Fato é que dia desses... Senta que lá vem a história...
Semana passada mais precisamente. Estava eu. Atrás do balcão. Como de costume. Ainda em grão. Esperando ser preparado. Nesse momento sempre fico um pouco ansioso. Bate aquela insegurança. Serei expresso? Com leite? Chantilly? Apreciarão meu sabor? Será uma mesa agradável?
Questões mil. Estou, eu, neste momento de total introspecção, quando uma menina muito simpática se aproxima do balcão. Era um dia de movimento. Casa cheia. Havia uma fila enorme. Alguns querendo refrigerante. Outros atrás de doces. E havia ainda aqueles que preferiam os salgados. E, é claro, os apaixonados por mim.
Todos foram sendo atendidos. Um a um. De repente, notei certo movimento na rua. Uma barulheira. Era um grupo entoando um tipo de canto de guerra. Não entendi nada. De onde estava não conseguia enxergar a rua.
Chegou a vez de a menina ser atendida. Foi só ela tentar abrir a boca... Entrou um rapaz. Feito uma bala. Aproximadamente vinte anos. Nervoso. Tenso. Parecia não ter visto a fila. Passou por todos. Muito aflito.
- É o seguinte: eu preciso de um refrigerante light, dois salgados, um de frango, um de palmito...
Ao ver aquilo a mãe da mocinha que estava sentada à mesa. Próxima à fila. Levantou-se.
- O que é isso? Você não notou a fila?
- Mas é uma emergência, madame – afirmava o rapaz com os olhos arregalados.
- Emergência por quê? Tem alguém morrendo?
- Eu não posso explicar agora. Tenho que voltar, logo!
- Que coisa. Voltar pra onde? O senhor aguarde na fila como todos! Que falta de educação! – esbravejou a mãe da garota.
- Olha, eu vou ser claro: estou no comício de um candidato a vereador da região. Ele quer comer e eu preciso correr.
- Então o senhor avise a esse “candidato” que ele vai ter que esperar como todos os outros! E me dê o nome dele pra eu nunca votar nesse ser!
Nessa altura os integrantes da fila já estavam inquietos. Reclamando. Fazendo coro. Amaldiçoando o rapaz. Política no Brasil é isso. A pessoa nem se elegeu ainda e já acha que pode sair dando carteirada. Furando fila. Passando na frente de outros cidadãos. Pra dizer o mínimo. Burrice do candidato. O funcionário perdeu tempo, pois teve que voltar para o final da fila. O seu pessoal se desgastou. E – o pior para ele – perdeu, no mínimo, dez eleitores. Fora os curiosos e o boca a boca. Dia 5 de outubro está aí. Abra os olhos. Conselho de um amigo pé quente. Um amigo pra todas as horas.



Mariana Primi Haas - MTB 47229 
Outubro/2008

8 comentários:

Anônimo disse...

Como filha de candidata a vereadora, preciso deixar registrado q não dá pra generalizar, hahahahh

Anônimo disse...

Caríssimos, não se trata de uma generalização. Apenas uma cena que aconteceu e foi registrada.Com certeza existem políticos que não se utilizam do cargo... escndidinhos... mas existem! risos

Anônimo disse...

Esse café tá tão bão, é gostoso, dá vontade de tê-lo aqui todas as manhãs quando acordo....O meu morre de ciúmes rs...Meu voto é pra ele.

Anônimo disse...

Esse café tá tão bão, é gostoso, dá vontade de tê-lo aqui todas as manhãs quando acordo....O meu morre de ciúmes rs...Meu voto é pra ele.

Anônimo disse...

Imagina se for eleito o tal candidato?! Vai querer furar fila e comer tudo de graça... Ps. Quem não pode ter café gostoso de manhã que se contente com um leitinho... pois acordar com um café gostoso como esse não é pra qualquer um.... e eu adoro!!!

Anônimo disse...

È difícil acreditar que existem políticos honestos.Não sei se há alguma jóia rara escondida por aí. Será que existe? Não sei não.Mas o mais importante é que o cafezinho está sempre presente mostrando fatos importantes que nos deixam admirados.Êta cafezinho bom!

Anônimo disse...

Êta cafezinho bão! Eu sei o nome, sobrenome, endereço... desse candidato. É gente fina, pelo menos até segunda ordem. A gafe deve ser produto de algum assessor - futuro "aspone" - afoito, daqueles que querem ser mais realistas do que o Rei.

Anônimo disse...

Cafezinho, cafezinho,sempre atento. Que tal debatermos o tema proposto? Aceito qualquer sugestão de agenda. Com essa companhia vale a pena arriscar. Parabéns pelos textos e pela qualidade e leveza com o trato das questões.